[RESENHA] As boas mulheres da China — Xinran

7019984Livro: As boas mulheres da China

Autora: Xinran

Editora: Companhia de Bolso

Ano: 2007 

Páginas: 256

Gêneros: Biografias | Histórias Culturais | Não-ficção

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Sinopse:Entre 1989 e 1997, a jornalista Xinran entrevistou mulheres de diferentes idades e condições sociais, a fim de compreender a condição feminina na China moderna. Seu programa de rádio, Palavras na brisa noturna, discutia questões sobre as quais poucos ousavam falar, como vida íntima, violência familiar, opressão e homossexualismo.De forma cautelosa e paciente, Xinran colheu inúmeros relatos de mulheres em que predomina a memória da humilhação e do abandono: estupros, casamentos forçados, desilusões amorosas, miséria e preconceito.São histórias como as de Hongxue, que descobriu o afeto ao ser acariciada não por mãos humanas, mas pelas patas de uma mosca; de Hua’er, violentada em nome da “reeducação” promovida pela Revolução Cultural; da catadora de lixo que impôs a si mesma um ostracismo voluntário para não envergonhar o filho, um político bem-sucedido; ou ainda a de uma menina que perdeu a razão em conseqüência de uma humilhação intensa.Quando Xinran começou suas entrevistas, o peso de tradições antigas e as décadas de totalitarismo político e repressão sexual tornavam muito difícil o acesso à intimidade da mulher chinesa. Desde 1949, a mídia chinesa funcionava como porta-voz do regime comunista. Rádio, televisão e jornais estatais eram a única fonte de informação, e a comunicação com pessoas no exterior era rara.Em 1983, o presidente Deng Xiao Ping iniciou um lento processo de abertura da China. Alguns jornalistas começaram a promover mudanças sutis na maneira como apresentavam as notícias. O programa apresentado por Xinran era um dos poucos espaços em que as pessoas podiam desabafar e falar de seus problemas pessoais. Nos relatos do livro, a autora possibilita a vozes antes silenciadas revelar provações, medos e uma capacidade de resistência que as permitiu se reerguer e sonhar em meio ao sofrimento extremo. Em condições extremas de vida, como a dos campos de reeducação da Revolução Cultural, afloram sentimentos de maternidade, compaixão e amor. O olhar objetivo de Xinran dá ao tema um tratamento firme e delicado, trazendo à tona as esperanças e os desejos escondidos nessas difíceis vidas secretas.

Esta é uma obra daquelas que nos paralisa no tempo e nos tira da nossa realidade, inserindo em muitas outras que podem estar acontecendo neste exato momento. Xinran, com sua história de vida, nos dá vários golpes a cada capítulo deste livro, a cada relato compartilhado conosco. Em muitos momentos eu cogitei parar a leitura para processar tudo aquilo que estava lendo, mas sentia a necessidade de continuar conhecendo as histórias angustiantes narradas por ela.

Publicado em 2003 pela Jornalista, Radialista e Escritora Chinesa, “As boas mulheres da China” narra, ao longo de quinze capítulos e 256 páginas, histórias que a autora teve a oportunidade de conhecer e ouvir durante o seu programa de rádio na cidade de Nanquim, capital da província oriental de Jiangsu na China. Palavras na Brisa Noturna discutia assuntos cotidianos e, com o acolhimento da radialista, passou a transmitir aos seu ouvintes um lugar confiável, onde muitos passaram a ligar para conversar e desabafar sobre suas vidas ou aquilo que os afligiam. Xinran passou a receber denúncias anônimas, pedidos de socorro e relatos de abuso, humilhação, estupro, discriminação, abandono, submissão e descaso.

Ao longo de quase uma década, a autora reuniu casos reais e relatos pessoais de mulheres chinesas que aceitaram quebrar a tradição e o silêncio de suas vidas privadas e compartilharam suas experiências e percepções formando um retrato tocante da figura feminina na turbulenta China do século XX. A partir daí, Xinran questiona a condescendência com a qual casos de abuso e violência contra a mulher são tratados, quanto vale a vida de uma mulher em uma China ainda apegada aos princípios maoístas e o que se esconde por trás da imagem reservada e aparentemente delicada da mulher chinesa. Todos os relatos são capazes de fazer o leitor chorar copiosamente por páginas seguidas e são tratados com cuidado pela autora que se preocupa ainda em passar para o Ocidente uma visão fiel e livre de estereótipos da China, evocando em alguns momentos um relativismo necessário à leitura.

Sem duvidas, um livro incrível com uma leitura emocionante, que eu indico a todos, não somente àqueles que tem o interesse de conhecer a realidade cultural de muitas mulheres da China e outras localidades da Ásia. Angústias, dramas e sofrimentos reais, condizentes com a realidade de mulheres do mundo todo, onde elas são, em sua grande maioria, objetos de desprezo, servidão e gastos, vítimas do machismo. Histórias tristes demais para serem lidas rapidamente, mas necessárias para se situar no contexto histórico mundial.


jornalista-radialista-escritora-xinran-chinaSobre a autora: Xinran (Pequim, 1958) é uma jornalista, radialista e escritora chinesa. Trabalhou em Nanquim até 1997, quando mudou-se para Londres sozinha e após um ano buscou seu filho Pan Pan. É casada com um Inglês – Toby. É a autora do livro Sky Burial (Enterro Celestial), romance que retrata a ida de uma chinesa em busca do marido desaparecido no TibeteO que os Chineses não Comem e também As Filhas Sem NomeMensagem De Uma Mãe Chinesa DesconhecidaTestemunhas da China e As Boas Mulheres da China.

Fonte:
Revista Pólen
Wikipédia
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